Evento foi realizado pela Secretaria de Juventude da CUT-DF
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) divulgada em maio deste ano mostra que, no primeiro trimestre, 4,6 milhões de jovens de 14 a 29 anos não estudavam, nem trabalhavam. São os jovens nem-nem. A maioria negros e mulheres.
Nesse mesmo período, 45% dos 14 milhões de jovens que tinham alguma ocupação estavam na informalidade. Isso corresponde a 6,3 milhões de pessoas.
O DF não escapa desse perfil. O último Boletim Juventude e Mercado de Trabalho, publicado em agosto de 2023 pelo Dieese, mostra que, entre 2021 e 2022, a presença juvenil no contingente local de desempregados foi de 54,6%.
Diante da realidade, durante o Encontro Distrital da Juventude Trabalhadora CUTista, jovens apontaram uma série de ações que visam ao protagonismo desse grupo da sociedade no mundo do trabalho e nas decisões que impactam a própria vida e a vida do coletivo. A atividade, realizada nessa quarta-feira (14/8), reuniu trabalhadores bancários, dos Correios, da limpeza urbana, professores, comerciários e de várias outras categorias.
Entre os pontos deliberados pelo grupo estão o incentivo à contratação formal de jovens no mercado de trabalho; formação política para a juventude; a luta pela proteção universal dos trabalhadores informais; o fortalecimento da ampliação da educação para o mundo do trabalho; além da criação de Coletivos de Juventude nos sindicatos.
“A gente quer participar da construção da nossa história. A gente quer respeito; quer oportunidade. A gente quer emprego formal, lazer, cultura, comida, educação, saúde. A gente é parte desse DF, desse Brasil, e queremos nos ver construindo rumos melhores para nós mesmos e para toda a sociedade”, disse o secretário de Juventude da CUT-DF, Tiago Bittencourt.
No DF e no mundo
Para o presidente da Central, Rodrigo Rodrigues, a organização da juventude trabalhadora é um desafio mundial, já que o processo de precarização das relações de trabalho também atinge o mundo todo.
Ele destaca que a plataformização e tecnologização do trabalho, que não são novidades, empurram, cada vez mais, a juventude para o empobrecimento e para condições subumanas.
“Ao mesmo tempo, é uma juventude que foi bombardeada pela ideia de que CLT é ruim, que isso significa patrão dando ordem, que retira a liberdade individual. É uma juventude que trabalha 16 horas e acha que isso é empreendedorismo. É uma juventude enganada. Fazer com que eles enxerguem que estão sendo explorados é um desafio tão grande como organizá-los para defender seus direitos trabalhistas”, afirma Rodrigo Rodrigues.
Ana Bonina, diretora do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro), alerta que o modelo de trabalho precário imposto à juventude “não é algo transitório”. “Estamos vivendo uma institucionalização da instabilidade (no trabalho). Vivo essa realidade como professora substituta da rede pública de ensino do DF, que tem um processo de seleção concorridíssimo. Posso ser chamada para trabalhar 3, 4 meses. De repente, posso estar desempregada: sem renda. E aí procuro um trabalho mais precarizado do que eu estava”, relata.
Para ela, o maior desafio atual é trazer a juventude trabalhadora que está na informalidade para o debate e a construção de um modelo de trabalho que traga dignidade, baseado na consciência de classe.
Fonte: CUT


